Nascimento da Laura - VBAC - Parte 1

Quem me acompanha aqui ou no facebook ou na vida real sabe da minha busca pelo parto natural após cesarea.

Ter sofrido uma cesarea para o nascimento da Jade, totalmente despreparada para uma cirurgia, achando que teria um parto normal, induzida, presa ao soro na cama, sem poder me mexer, ouvir que ela estava entrando em sofrimento (provavelmente causado pelo uso da ocitocina fora de hora, já que não em trabalho de parto), ir para um centro cirúrgico frio, sentir o frio da agulha na coluna, ser amarrada, implorar para o marido estar do lado, já que ele foi "gentilmente" conduzido para fora para eu tomar anestesia, ouvir que era para ficar quieta e parar de chorar porque senão seria apagada e nem poderia ver Jade nascer, não ter o campo cirúrgico abaixado quando ela nasceu, ser a última pessoa a ver a Jade, não poder tocá-la, ser dopada quando ela foi para o berçário com o pai, meio acordar sozinha na sala de recuperação da maternidade, subir sozinha para o quarto e só ver a Jade mesmo, pegar no colo, cheirar, ver mão, pé, com consciência no dia seguinte me deixou realmente abalada e frustrada pelo não parto. Eu não era capaz de parir. defeituosa? não sei. Não tive a chance de saber e pior ainda agradeci pela intervenção da GO (ginecologista obstetra) fofinha...  isso tudo com uma cesarea com 38 semanas e 1 dia. E se as contas estivessem erradas? E se ela tivesse tido desconforto respiratório? Enfim, Jade nasceu, melhor, foi nascida, saudável e linda. Meu pacotinho era pequenino, cheiroso, fofo e lindo. A cara do Avô! rs
A oportunidade de engravidar de novo surgiu. Perdi... com 5 semanas não evoluiu, e veio sangramento, corre para maternidade, faz ultrassonografia, não havia nada lá. O que teria acontecido? Não sei. Não era hora... A DPP (data prevista para o parto) daquele serzinho era 28/5/13. Mas aquele dia acabou marcado... 30/09/2012...

Vinte e oito dias passaram... menstruação não veio. Teria conseguido? Iria para frente? Pegamos o resultado: positivo. Aquele último dia de setembro virou minha DUM (data da última menstruação)! Por precaução não falamos para ninguém. Vai que acontece de novo? Ter que explicar é pior que qualquer coisa...  Fomos dando a notícia aos poucos. Era uma gravidez diferente, desde o começo e não sei explicar porque.

Seguia indo ainda na médica fofa que eu achava que agora me deixaria parir. Primeiro ela perguntou quanto tempo da cesarea anterior teríamos, respondi 3 anos e 5 meses para a DPP.  Ela respondeu que sim. Eu falei que só aceitaria cesarea se fosse para fazer laqueadura junto (sem saber que isso é ilegal, você sabia?). Ela disse que isso não faz. Menos mal. Mas seria por medo da lei ou pela oportunidade de ganhar duas vezes em intervenções diferentes? As consultas mensais se seguiram, surgiu o papo da taxa de disponibilidade, já que o médico que acompanha a gestante não é obrigado a estar  lado dela no trabalho de parto e ele poderia cobrar determinado valor. Questionei-a quanto a esse valor e ela ficou de ver. Próxima consulta e tinha esquecido. Na seguinte o mesmo papo e pior acompanhado de um  "normal após cesarea é arriscado, grandes chances de seu útero romper, você vai ficar mal, vai sobreviver, mas o bebê vai morrer". Como assim? A pessoa falar isso para uma gestante com metade da gestação corrida?! Sai de lá com um pedido de ultrassonografia morfológica, um doppler e uma decisão, procurar outro médico que me apoiasse.

Flavia, uma amiga de facebook, vendo o quanto eu queria, me perguntou se eu realmente queria parir. Disse que sim e ela me ingressou no mundo da humanização do parto. Entrei nos grupos "Cesarea, não obrigado" e "parto natural" do facebook.  Primeiro post que escrevo, sou sabatinada, questionada. Fiquei atordoada. Mas me fez pensar. Conversei com várias pessoas pela internet, entrei em contato com uma doula (Aline Amorim), fui ao Ishtar em Copacabana e resolvi agendar com três obstetras que trabalham com medicina baseada em evidências aqui no Rio: Marcos Nakamura, Fernanda Macêdo, Ana Fialho.

(CONTINUA...)

3 comentários

  1. Camila, que lindo ler esse post! Foi muito bacana acompanhar todo seu processo de empoderamento. Eu não sou de ficar enchendo a cabeça de ninguém, mas ver seus posts naquela época agoniada com a postura da sua médica e do seu desejo pelo parto normal, perguntei se vc queria ajuda nesse processo. Lembro que a primeira coisa que te falei foi: por plano de saúde não se consegue um parto respeitoso. E depois de inserida nos grupos, vc foi saindo da matrix por si própria. E isso foi muito legal. Em poucos meses (ou semanas?) vi vc se tornar uma ativista! Que barato ver essa transformação. E saber que tudo isso culminou com um parto lindo, respeitoso, um VBAC a jato, me enche de orgulho e alegria. Sempre digo que pari junto com vc e Karine. E é verdade! Parabéns por ter tomado as rédeas de sua gestação e parto!!!
    Ansiosa pra ler a continuação disse tudo!
    Beijos.
    Flávia

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